Seguramente movido pela melhor das intenções, o jornal do engenheiro José Manuel Fernandes resolveu apimentar o anúncio da comunicação ao país, de Cavaco Silva.
De tal forma que a habitualmente reservada, e de resposta difícil às provocações próprias da pequena política, Casa Civil do Presidente da República se sentiu na necessidade de rever em baixa as expectativas causadas pela notícia.
Que não, Sua Excelência ainda não calçou as alpercatas, e não, esta não é a primeira vez de Sua Excelência, no que toca a alocuções do género.
Ao que parece a coisa, desta vez, não correu da melhor forma, o que em nenhuma circunstância significa que o Público deva desistir, sugerindo-se que da próxima vez que pretender (a)condicionar factos políticos convide o Professor Marcelo para coordenar a edição.
«Sempre que brilha o sol,
Naquela praia
Sinto o teu corpo vibrar,
Dentro de mim
O teu respirar
A saudade
A loucura
O delírio
Eu estremeço
Oh! Oh! Oh! »
Adenda:
Desde a publicação deste texto que tenho sido frequentemente intrepelado na rua, e também num comentário aqui em baixo, sobre a autoria deste verdadeiro hino de amor ardente. Bem, os versos são cantados pelo nosso Marco Paulo e não tenho qualquer razão para duvidar de que seja sua a autoria.
«BP e Repsol baixam preços à meia-noite»
«Combustível pode baixar ainda mais»
Que disparate, toda a gente sabe que os combustíveis não descem!
Com a periodicidade de um qualquer Relatório da Primavera, João Cravinho aterra em Lisboa para nos dar conta dos mais recentes resultados do seu "Corruptómetro".
Sempre aguardadas com expectativa, as suas palavras provocam verdadeiras ondas de choque. A corrupção está a aumentar!!, Não acredito..., Sim, foi o Cravinho que disse, Ah, bom...
Cravinho é obviamente uma voz respeitada, porque independente. Quando fala sobre corrupção, Cravinho fala independentemente de quaisquer estudos, não se deixa influenciar por relatórios, e é fiel à sua visão sistémica recusando enredar-se em discussões de pormenor sobre casos concretos.
Cravinho sente que «estamos numa situação muito complicada e em crescendo», e esta sensação incomoda-o. Já no que toca à pequena corrupção, Cravinho, sempre ancorado no seu "Corruptómetro", sente de maneira diferente e acredita que «tenha diminuído com muito significado em alguns sectores».
Não está aqui em causa - não pode estar nunca - a necessidade do combate à corrupção e o papel decisivo nele a desempenhar pelo Estado. Tão pouco se pretende minimizar o fenómeno e os seus efeitos perniciosos para a qualidade da Democracia.
Este não é um texto sobre corrupção. É um texto sobre os ditosos filhos da Pátria, elevados à condição de especialistas em razão dos seus «achamentos».
Como em tantos outros fins-de-semana, atravesso o Guadiana rumo à margem esquerda, à prazenteira aldeia das Pias, no Concelho de Serpa. Ali chegado dou de caras com a primeira edição do «Pias Summer Festival», em jeito de quem ameaça com o regresso.
O cartaz é de luxo, dizem-me, com um tal de «DJ Vibe» à cabeça e onde não faltam «DJ's da região», que os há. Madrugada fora ecoa pela aldeia o Pum-Tsss, Pum-Tsss, Pum-Tsss, aqui e ali cortado por um sobressaltado Pum-pum, verdadeira injecção de vigor, imagino.
Gonçalo Amaral pode até estar cheio de razão, ou de ressentimento, para o caso pouco importa. Nada pode justificar o exercício gratuito de suspeição a que chama Teoria. Um conjunto de interpretações subjectivas sobre factos isolados, rematadas por perguntas insidiosas convenientemente deixadas sem resposta.
A propósito disto, parece-me que com um ratio de uma empresa (PME) de construção civil por cada 143 habitantes se não fosse esta crise seria outra qualquer.
Parece que Naide Gomes voltou a fazer das suas e saltou um horror de metros que lhe valeram um novo recorde nacional. Temendo que o feito da atleta, dito assim, desta forma simplista, passe despercebido, a RTP puxa das estatísticas e dá-nos conta da verdadeira dimensão da proeza: «O salto conseguido no Meeting de Estocolmo coloca Naide Gomes como a 37.ª melhor saltadora de sempre e oitava do século XXI.»
Anunciada para segunda-feira, a «solução» para o "caso Maddie" chegou-nos com um módico comunicado da Procuradoria-Geral da República. Para Pinto Monteiro não há casos insolúveis.
Face aos sucessivos alertas do Instituto de Meteorologia de elevado risco de incêndio, em particular na planície alentejana, a actividade intelectual por estas bandas tem estado reduzida ao mínimo, evitando-se qualquer ignição cerebral.
Em resposta ao tiroteio da Quinta da Fonte, Estado e "sociedade civil" lançaram-se numa lufa-lufa de «contratualizações» e «estratégias de inclusão». O drama é «Social», dizem-nos os estudiosos da «problemática». Claro, e as pistolas são de fulminantes...
«O Alentejo é o espaço que apresenta a mais forte concentração de potencial de crescimento do conjunto da economia portuguesa» - Hernâni Lopes, Expresso
(Foto: SF)
Adenda:
Tentativa de trocadilho, algures entre O «Arcebispo de Cantuária» e «Para escreveres isto mais valia estares quieto»
Escutados na comissão parlamentar de inquérito, actuais e anteriores responsáveis pelo sistema de supervisão bancária convergiram quanto à impossibilidade de terem sido atempadamente detectadas as manigâncias em que se envolveu o BCP.
Ora, o meu desconhecimento dos meandros da alta finança, é total. Sobre offshores já ouvi falar, mas, confesso, nunca vi algum. Imagino que sejam coisas muito, muito pequeninas. Mínimas.
«PSD não é contra as obras públicas em geral nem nenhuma em concreto» (Paulo Rangel, no debate do Estado da Nação)
Para Campos e Cunha, cívico-coordenador da SEDES, as perspectivas de desenvolvimento nacionais começaram a esboroar-se aos primeiros sinais de desmobilização das populações de Anadia. Depois foram os pescadores que voltaram ao Mar e os camionistas que voltaram à estrada, levando com eles a última réstia de esperança para este país.
Por fim, triste sina a nossa, vai para um mês que não temos um único protesto com mais de 100 000 manifestantes. Assim não vamos lá...
Sem passaporte, como é que ele volta?
«A aproximação das eleições de 2009 –europeias, legislativas e autárquicas– tem tido consequências claras e visíveis na vida política portuguesa.»
Lê-se a mais recente «Tomada da Posição» da SEDES e ficamos a perceber que a crise internacional é uma infeliz coincidência no actual «contexto politico-eleitoral», sendo as eleições do próximo ano o verdadeiro empecilho à revelação do milagre económico português.
Concluem os Cívicos, «A evolução económica e a sombra das eleições são um teste ao Governo e à sinceridade com que iniciou reformas cruciais para o País».
Como é bem de ver, a prova da «sinceridade» será tanto maior quanto maior for a derrota eleitoral de Sócrates. Camarada, mãos à obra que o tempo escasseia!!
Algumas notícias do fim-de-semana dão-nos conta de um certo mal-estar na relação entre Cavaco Silva e José Sócrates, com origem numa alegada diferença de opiniões a propósito do programa de investimentos públicos.
A bem da cooperação estratégica impõe-se a construção de uma ponte - política, entenda-se - entre Belém e S. Bento, para quebrar o crescente isolamento do primeiro-ministro.
«Há polícias que, nas horas vagas, trabalham em escritórios de detectives privados para compor o ordenado. Toda a gente sabe. Mas, desta vez, além de quatro agentes da PSP, foi apanhado um inspector que pertencia à 'secreta' da Polícia Judiciária a usar equipamentos da casa.» (Diário de Notícias)
Na edição de hoje do jornal Público podemos ler o resultado de um detalhado estudo baseado nas «declarações vagas [de José Sócrates] sobre as medidas prometidas» na entrevista à RTP.
Aparentemente a ausência de pormenores, ou o desconhecimento dos detalhes, não impede aquele jornal de concluir, versejando «Promessas fiscais de José Sócrates terão efeitos marginais».
Como certamente estamos bem recordados, desde a anunciada vitória de Hugo Chávez no referendo constitucional que o Público não conhece quaisquer limitações ao dever de informar. Nem mesmo a ausência de informação.
A propósito da sua insistência na necessidade de reavaliar a programação dos investimentos públicos de médio e longo prazo, Manuela Ferreira Leite justificou-se dizendo que à oposição compete exigir explicações.
Na realidade assim é, mas não só. Em 2009 MFL não será (ou será ?) candidata a líder da oposição e os portugueses não deixarão de lhe exigir soluções.