Vai por aí um grande alvoroço a propósito das notícias do dia sobre o 'caso Freeport'. Duas persistentes investigações jornalísticas, hoje publicadas pelas revistas Visão e Focus, lograram desaguar numa mesma conclusão: As autoridades inglesas suspeitam do envolvimento do actual Primeiro-Ministro num alegado esquema de pagamento de luvas, associado ao processo de licenciamento daquela superfície comercial. A confirmarem-se estas novidades - fresquinhas, fresquinhas -serão então dois os ex-ministros de Guterres alegadamente envolvidos no caso. Aqueloutro que nas últimas três semanas tem enchido páginas de jornais e noticiários televisivos, e, agora, tudo indica, José Sócrates. Há que reconhecer que é dose!
Agora que o actual modelo de avaliação de professores, de avaliação já tem muito pouco e de modelo quase nada, ministério e sindicatos voltaram a sentar-se à mesma mesa, desta feita para discutirem alterações ao Estatuto da Carreira Docente.
Com os sucessivos 'ajustes' que têm sido feitos, e outros que se adivinham, a ministra parece apostada em esvaziar a dinâmica de contestação. O sucesso da luta dos professores pode assim, paradoxalmente, significar a derrota do professor Nogueira.
Velhos factos, novas notícias - Adolfo Mesquita Nunes (O Insurgente)
«Bastou o renascer do episódio Freeport para logo a comunicação social desatar a relatar outras alegadas suspeitas que assolam José Sócrates e que nada têm que ver com o Freeport.
(...)
Porquê agora? Porquê esperar pelas alegadas suspeitas do Freeport para noticiar e agravar as suspeitas relativamente a outros processos?
Desenganam-se aqueles que vêem nestas minhas perguntas uma qualquer simpatia especial para com o Primeiro-Ministro. Elas demonstram apenas desconforto pelos critérios de oportunidade jornalística e que tendem menos para a busca da verdade do que para a afirmação de um poder de intervenção política. Poder esse que, por ter já feito sentir os seus efeitos relativamente a todos os partidos, não é de fácil identificação.»
Apesar da aposta no relançamento do 'Caso Freeport', que incluiu teasers no Sol em duas semanas sucessivas, feitas as contas e até a ver, a coisa resume-se a pouco mais do que isto:
«A Dona Júlia, que era prima da modista, que era amante de um senhor, que era tio de uma menina...»
Por estas noites, tantas são as incertezas sobre as quais deitamos a cabeça, que acaba por ser reconfortante, mesmo para um benfiquista, acordar e ver que certas coisas nunca mudam. Por estes dias, o FC Porto lidera a classificação da Liga.
Com o aproximar das eleições legislativas, o PSD endurece o discurso de contestação ao governo. Este fim-de-semana, Manuela Ferreira Leite, garantiu que o país está pior desde a eleição de José Sócrates. Isto, para já não falar do resto do mundo, imagino eu.
A três dias das eleições legislativas de 2002, o futuro de José Sócrates, mais do que de ambições, estava pleno de certezas. A derrota de Ferro Rodrigues surgia como inevitável, a hora de Sócrates soava, inadiável. Nestas circunstâncias, deixar envolver-se num 'esquema' de pagamentos à margem da lei, seria uma monstruosa imprudência. Se o fez, Sócrates, desilude-me. Não tanto pela desonestidade - e peço desculpa pela fraca exigência -, mas sobretudo pela evidente falta de inteligência.
Está ainda bem presente na memória de todos, o episódio da demissão diferida de Luís Nobre Guedes, vice-presidente da anterior direcção do CDS/PP, que depois de não ser ainda era.
Senhor de reconhecida intuição política, decidido a não cometer os mesmos erros do passado, foi com manifesta satisfação que, esta noite, a Judite de Sousa, Paulo Portas garantiu ter consigo, na nova direcção eleita no congresso das Caldas, não um, não dois, tão pouco três, antes seis, sim, seis vice-presidentes! Que diabo, também não hão-de demitir-se todos!...
Pergunto-me, o que faz um homem a quem, nos últimos oito anos, foram exigidas decisões diárias, a sua maioria com inevitáveis consequências à escala mundial, no dia seguinte a terminar funções?
É já amanhã que Barack Obama toma posse como o 44º Presidente dos Estados Unidos da América. Por estes dias, milhares de crentes rumam a Washington, em peregrinação.
Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia
Estrela da Tarde (1976)
José Carlos Ary dos Santos/Fernando Tordo
(Fotos: SF)
Quando esperavam poder deixar ficar em 2008 as dúvidas e as desconfianças suscitadas pela liderança de MFL, entusiasmados com o início de um novo ano sob o signo do conflito institucional, os primeiros dias de 2009 trazem à memória dos militantes do PSD o fantasma das sondagens passadas. O fogacho de esperança e de crença, que se acendera na alma social-democrata, rapidamente sucumbiu às invernosas temperaturas de Janeiro.
O desassossego e a impaciência, reconquistaram os seus lugares no futuro do partido. Menezes não descola, Santana e Passos Coelho controlam à distância, enquanto Jardim, com manifesta boa disposição, parece antecipar a folia carnavalesca, tão do seu agrado.
Na entrevista à RTP, Manuela Ferreira Leite tentou conter o burburinho que por estes dias parecia avançar descontrolado, com o anúncio de putsches a cada dobrar de esquina. Afinal, entre a Dra. Manuela e a rapaziada do costume, existe uma enternecedora comunhão de objectivos. Acredito. Todos desejam que esta liderança passe rapidamente à história, não hesitando em reconhecer a precedência da Senhora, cedendo-lhe passagem, com refinada elegância cavalheiresca, em direcção ao abismo.
A propósito dos resultados das sondagens, não faltou mesmo um upgrade do pensamento do seu antecessor. Dizia então Menezes, não olharem ainda os portugueses para o PSD como uma alternativa credível ao actual governo. Ferreira Leite lá admitiu que as sondagens é verdade que não são as melhores, muito embora tenha feito questão de salientar que outras sondagens existem e nas quais o PSD parece ter conseguido agarrar-se à fasquia dos 30% - não está mal, não senhora. No fundo, concluiu, esta foi a fase de credibilização do partido e, imagino eu, é suposto os partidos resvalarem nas sondagens durante a fase de credibilização. Seja como for, agora é que vai ser, daqui para a frente é sempre a subir!
Fortemente motivada com este augúrio, Manuela Ferreira Leite ainda teve tempo para nos dar a conhecer duas módicas propostas programáticas. Sem hesitações, fez uma consistente defesa da baixa de impostos em um, dois, três, ou mesmo quatro pontos percentuais, é indiferente (?), e garantiu aos portugueses, olhos nos olhos, que, com ela, o TGV vai de carrinho, por se tratar de um investimento manifestamente ruinoso.
Parece que no tempo em que a Senhora era ministra das finanças do Dr. Barroso, as ligações aéreas entre as duas capitais ibéricas eram para cima de muitas, um avião em cada sete minutos, disse, não subsistindo, à data, quaisquer dúvidas sobre a bondade do investimento na rede de alta velocidade, de resto, aprovado pelo governo de então.
Fontes aparentemente bem informadas, o que à partida afasta qualquer 'dedinho' dos assessores de Belém, garantem que os resultados de algumas sondagens, a serem publicadas no próximo fim-de-semana, confirmam a indexação das intenções de voto no PSD ao preço do barril de petróleo, havendo mesmo quem se atreva a prever um fim-de-semana alucinante para os lados da S. Caetano, à Lapa.
José Oliveira e Costa foi ontem ouvido no parlamento, pelos deputados da comissão de inquérito ao 'caso BPN'. A audição do ex-banqueiro decorreu à porta fechada, decisão não só compreensível como absolutamente recomendável, dadas as baixas temperaturas que se fazem sentir.
Dirigindo-se aos senhores deputados, Oliveira e Costa, fez questão de dizer nada ter para dizer aos senhores deputados, invocando o seu estatuto de arguido. Dito isto, abriu-se a porta da sala da comissão, para logo de seguida se voltar a fechar a do calabouço.
É curto, dirão alguns, mas, ainda assim, o suficiente para terminar com um jejum que durava há 33 anos, sem que nenhum cidadão detido fosse ouvido no parlamento, como de resto fez questão de nos recordar, esse guardião do anuário estatístico pátrio, o jornal do arquitecto Saraiva.
Ave Maria (Coliseu, 1997)
«Alegre considera estreita porta do diálogo com PS»
(Boleia apanhada aqui)
A cidade de Zurich recebe hoje mais uma edição da Gala da FIFA na qual será anunciado o resultado da eleição do melhor jogador de futebol do mundo, no ano de 2008. Por estas horas, o nosso Cristiano Ronaldo, por muitos considerado como favorito, deve estar prestes a fazer-se à estrada, a caminho da Zurich Opera House.
Alguém chegou hoje a este blogue, via Google, ao que tudo indica à procura de uma "declaração desistência do computador magalhães". Mas porquê?! É verdade que se diz por aí existir um ligeiro atraso na entrega dos pequenos Magalhães, mas, que raio, só é vencido quem desiste de esperar! E depois, vai fazer o quê? Comprar um Classmate da Intel? Ora porra!
Ainda a propósito do 'não-debate' sobre o calendário eleitoral, Aguiar Branco apressou-se a aplaudir o esclarecimento do Presidente da República, assegurando que nenhum português está preocupado com a data das eleições.
Opinião bem diferente parece ter o companheiro Rangel, que no dia seguinte à entrevista de José Sócrates, irrompeu num desassossego, considerando que «O primeiro-ministro abriu essa janela de ambiguidade e deve um esclarecimento ao país».
Exímio gestor do tempo e do modo das suas intervenções, Sua Excelência demonstra estar com alguma dificuldade em pôr cobro à recente onda de contrafacção da presidencial palavra. Hoje mesmo, um comunicado da Presidência da República veio alertar para novas falsificações do excelso vocábulo, que por estes dias circularam pelas páginas dos jornais, dando conta de alegadas preferências presidenciais a propósito do calendário eleitoral. Que não, Sua Excelência em nenhum momento expressou qualquer preferência, e acha mesmo que esse não é tema que deva ocupar lugar de relevo na lista de preocupações nacionais.
(*) Sérgio Godinho, «Campolide», 1979
«Cuidado, Casimiro
cuidado com as imitações
Cuidado, minha gente
Cuidado justamente com as imitações»
É sabido que o PSD de Manuela Ferreira Leite depositava grandes esperanças na sessão parlamentar da passada quinta-feira. De uma assentada pretendiam reabilitar a imagem do grupo parlamentar, fortemente afectada com o episódio das faltas, ocorrido no passado dia 5 de Dezembro, e simultaneamente oferecer ao Professor Nogueira a tão desejada suspensão do processo de avaliação de professores.
É certo que este último objectivo terá de esperar por dias mais alegres, ainda assim, Paulo Rangel não deixou de creditar em seu benefício uma importante vitória político-organizativa, ao provar ser capaz de reunir no hemiciclo, e à mesma hora, todos os setenta e cinco deputados social-democratas. O país, rendido, aplaude o feito, e a dra. Manuela renova a confiança no seu jovem líder parlamentar, que assim se prepara para novos e igualmente aliciantes desafios.