No Congresso do PS, em Espinho, estão muitos militantes que apoiaram a candidatura de Manuel Alegre a Secretário-geral dos socialistas, muitos militantes que votaram em Alegre nas últimas eleições presidenciais, muitos militantes que nunca apoiaram ou votaram em Manuel Alegre, muitos militantes que, concordando ou discordando de Alegre, com ele partilham um passado de luta e de militância nas fileiras do partido. Todos eles, por certo, gostariam de ter ouvido de viva voz as vibrantes palavras que Alegre não tem regateado noutros fora, noutras companhias. Entendimento diferente parece ter tido Manuel Alegre. Decididamente, a sua 'Nave' não é a de Espinho e ruma a outros destinos.
A imagem de José Sócrates sentado à mesa do Conselho de Ministros da União, alagado em suor, com 40 graus de febre e balbuciando qualquer coisa entre o inglês técnico e um delírio febril, é no mínimo... estranha, convenhamos.
O aparente excesso de voluntarismo evidenciado em algumas operações de razoabilidade duvidosa que vêm sendo realizadas pela Caixa Geral de Depósitos começa a deixar-me levemente preocupado. É que, no caso da CGD, se a coisa descambar por completo, não vai dar para 'resolver' nacionalizando.
Ainda há poucos dias atrás, Manuela Ferreira Leite e um jornalista do Correio da Manhã, acusavam o governo de «viver à custa de anúncios». Ontem, no debate quinzenal, foi a vez do jovem líder parlamentar dos social-democratas ensaiar o seu próprio soundbite. Para Paulo Rangel o actual governo é uma espécie de 'sempre em festa'. «516 inaugurações e festas de inauguração feitas até ao dia 15 de Outubro», foi o resultado apurado pelo afã contabilístico de Rangel, e quem sou eu para duvidar de tão impressivo total. Resta-me, porém, uma pequena dúvida: o que tanto inaugura o governo?... Anúncios?...
Não deixa de ser levemente irónico que as senhoras e os senhores juízes, por estes dias, se insurjam contra a nova aplicação informática desenvolvida pelo Ministério da Justiça, alegando que a falta de segurança do programa põe em causa, justamente, o segredo de justiça.
Sob a epígrafe de 'Entrevista' o Correio da Manhã publicou ontem a transcrição de uma amena cavaqueira entre Manuela Ferreira Leite e o jornalista da casa António Ribeiro Ferreira. A consonância de pontos de vista entre a alegada entrevistada e o alegado entrevistador é de tal forma assinalável ao ponto de fazer inveja ao alinhamento estratégico entre a presidente do PSD e alguns membros da sua direcção política.
Na entrevista a Judite de Sousa, o ministro Santos Silva demonstrou ser um profundo conhecedor do português técnico...
Depois do regabofe que foram as constantes violações do segredo de justiça,e que serviram de argumento aos primeiros episódios da segunda série do 'Caso Freeport', alguém terá conseguido, com aparente sucesso, dar um valente apertão na torneira acabando, por hora, com aquele sempre incomodativo 'pingo'... 'pingo'...
Nestas circunstâncias, vale à causa do jornalismo de investigação a coragem e a ousadia de alguns funcionários mais afoitos. Imagino um desses funcionários a esgueirar-se até à janela do tribunal e fazer o sinal previamente acordado com o jornalista-investigador, que aguarda do lado de fora, paciente. Há arguido(s) - não se percebe com exactidão, o sinal combinado não acautelara a distinção de número. O jornalista aprofunda a investigação: Um?... Dois?... Da janela respondem-lhe com um aceno afirmativo logo que o médio se junta ao indicador. Não há tempo a perder, seguramente mais do que um, e agora rumo à redacção que já temos matéria informativa de relevo para abrir os noticiários da tarde, noite e madrugada dentro.
No passado dia 3 de Dezembro de 2007, o Público assegurava, em toda a largura da primeira página, a vitória de Hugo Chávez no referendo constitucional que nessa data se realizara na Venezuela. Já com o jornal a caminho das bancas, a madrugada veio contrariar aquela 'notícia'. Um sempre desagradável desencontro entre a realidade dos factos e a informação do Público obrigou o seu director a desdobrar-se em explicações. Vamos a ver e, afinal, a primeira página do Público tinha sido decidida perante os resultados das sondagens. JM Fernandes reconheceu que a notícia poderia ter sido enriquecida com essa informação, é claro que podia, só que na altura não lhe ocorreu.
Seja como for, ontem, a História reconciliou-se com o Público. No fundo, no fundo, JM Fernandes sabia que, um dia, Chávez haveria de ganhar um referendo constitucional, só não sabia era quando.
É para mim cada vez mais evidente que o principal erro do Dr. Oliveira e Costa, e que poderá mesmo ter sido a causa primeira do afundanço da SLN/BPN, terá sido a contratação do Dr. Dias Loureiro. A quem passaria pela cabeça atribuir responsabilidades de gestão a um homem que nada sabe e de nada se lembra, e ainda em cima acredita no Pai Natal?
Marcelo já percebeu, há tempo, como é que tudo isto vai acabar, ou não fosse ele Marcelo. Sabe que há mais vida para além da Dra. Manuela, mas também sabe que essa vida precisa do apoio do PSD para ser vivida, o que o obriga a gerir um equilíbrio delicado, mesmo para ele que é Marcelo. Aos Domingos distancia-se e às Segundas reconcilia-se. Ontem, uma vez mais, Marcelo foi forçado a demarcar-se de Marcelo, numa tentativa de acalmar a onda de indignação que percorreu o país laranja. Afinal, a Dra. Manuela é «a pessoa certa» para liderar o PSD, só falta mesmo parece-lo. Um problema de imagem, ainda muito a tempo de ser corrigido.
Tal o entusiasmo de Francisco Louçã na sessão de encerramento da Convenção do Bloco que por momentos temi o pior...
A investigação jornalística ao 'Caso Freeport' está cada vez mais parecida com o 'objecto' investigado. Na falta de novos artigos, tentam-se (re)vender as 'novidades' que não tiveram grande saída nas edições anteriores. Paradigmático, o semanário Sol dedica mesmo duas páginas à revisão da matéria dada. Sempre na vanguarda da investigação.
«Imaginem que se colocam dois coelhos numa cova, de certeza que vão surgir coelhinhos, se for um casal de coelhos(...)» [RTP]
Será Louçã contra a adopção de coelhinhos por casais de coelhos do mesmo sexo?
Em entrevista a Judite de Sousa, o presidente do BES, referindo-se ao ministro das Finanças, disse estar a realizar um «trabalho fantástico». Ricardo Salgado expressou ainda a sua «grande admiração por tudo aquilo que o governo tem feito e pela forma extraordinária como se tem batido contra esta crise», pondo em prática «medidas muito fortes, com resultados concretos». Aparentemente, Ricardo Salgado não hesita em conceder o seu aval ao actual governo.
Sua Excelência e o Procurador Geral da República reuniram-se hoje em Belém. Muito embora não seja do conhecimento público, nem, até à data, do conhecimento do Público, o teor da conversa entre ambos, é previsível que o 'Caso Freeport' tenha sido abordado nas suas diferentes dimensões e implicações. Não me édifícil imaginar que Sua Excelência tenha feito sentir ao Sr. Procurador o seu profundo desagrado pelas sucessivas fugas de informação que, tudo indica, constituem grosseiras violações do segredo de justiça...
Com o início da publicação da segunda série do 'Caso Freeport', Pacheco Pereira montou na Marmeleira uma espécie de Observatório de Imprensa dedicado ao tema. É vê-lo diariamente a policiar noticiários televisivos e as primeiras páginas dos jornais, a todos aplicando o seu little index do situacionismo.
Para Pacheco Pereira, as notícias sobre o 'Caso Freeport' dividem-se em dois grandes grupos: As favoráveis, destinadas a proteger o Primeiro-ministro, e as outras. As desfavoráveis, destinadas a implicar Sócrates, supor-se-ia. Errado. As outras são as notícias objectivas, porque verdadeiras, porque Pacheco quer que sejam, porque sim.
Logo houve quem quisesse ver num tão elevado índice de 'excitacionismo', o sinal de uma renascida esperança no desfecho das próximas legislativas, que assim tomava o lugar da descrença, por hora ainda contida no seu subconsciente, é certo, nas capacidades de liderança da Dra. Manuela. Uma vez mais, quem assim pensou precipitou-se. De resto, Pacheco Pereira apenas autoriza que o 'Caso Freeport' possa temporariamente abandonar as primeiras páginas dos jornais para dar lugar às declarações da Dra. Manuela.