Há dez dias atrás, Manuela Ferreira Leite dava «graças a Deus» por ter passado a «era dos comícios», confessando que «se tivesse que fazer neste momento algum comício seria a maior das violências que me poderiam pedir». Ontem à noite, em Barcelos, ficámos a perceber porquê:
«Uma hora e quarenta e cinco minutos depois da hora marcada, o PSD optou pelo pragmatismo e pediu em voz alta às pessoas que estavam no ringue que se dispersassem um pouco mais e que se afastassem do palco»
[Reportagem SIC. Vídeo aqui]
Quando há coisa de dois meses atrás o grito de alma do ainda Provedor de Justiça pôs a nú o impasse das negociações entre PS e PSD para escolha do sucessor de Nascimento Rodrigues, logo houve quem se apressasse a criticar a negociata entre o bloco central, considerando-a um claro desrespeito pela democracia e pelo parlamento, entenda-se restantes partidos.
Curiosamente, agora que o processo de escolha do novo Provedor transitou dos soturnos corredores de S. Bento para o resplandecente hemiciclo, então não é que o resultado volta ser o mesmo? Será que o que os pequenos partidos reclamavam - excepção feita ao Bloco, não por ter hoje votado em Jorge Miranda, mas por ter assumido uma opção - era, no fundo, o seu direito à intransigência?
Depois de ter desaparecido do cartazes socialistas, Vital Moreira não terá gostado de saber que o PS aprovara na Assembleia da República o testamento vital. Mas Vital não é homem para para entregar o protagonismo, assim, de mão beijada, aceitando uma extemporânea saída de cena. Determinado em levar até ao fim o seu papel de cabeça de lista, percebeu que tinha de ser ele a fazer pela vidinha. Vai daí, ontem saiu-se com estas declarações que, certamente por acaso e só por acaso, são verdadeiramente alarves.
Independentemente das convicções que cada um de nós possa ter formado sobre o caso, importa não esquecer que ontem o ex-presidente do BPN mais não fez do que dar a conhecer a sua versão da história, com alusões a personagens por si escolhidos. A palavra de Oliveira e Costa tem, forçosamente, o mesmo peso que a palavra de Dias Loureiro.
Ao renunciar ao seu lugar no Conselho de Estado, no dia seguinte à audição parlamentar e, para mais, evocando razões tão pertinentes hoje quanto há sete meses atrás, é o próprio Dias Loureiro quem acaba por atribuir valor acrescentado ao depoimento de Oliveira e Costa.
Enfiado entre as quatro paredes do calabouço, vai para seis meses, Oliveira Costa sentiu uma súbita vontade de conversar. Escolheu o ombro amigo dos deputados da comissão parlamentar de inquérito ao 'caso BPN' para os seus desabafos. Por esta hora, imagino que os zelosos assessores de Sua Excelência estejam afincadamente a trabalhar sobre trocadilhos e piadas de salão.
Adenda: Enquanto os zelosos assessores de Sua Excelência prosseguem o brainstorming criativo, aqui ficam algumas sugestões pelo incontornável Valupi
Ao que parece, Manuela Ferreira Leite entrou em força na campanha para as europeias. Depois de acusar Sócrates - o mesmo que apoia a recondução do 'camarada' José Manuel Barroso à frente da Comissão Europeia - de privilegiar o interesse partidário sobre interesse nacional, a líder do PSD lançou-se no contra-ataque com um apelo à união do Partido Popular Europeu para que o Parlamento Europeu «continue a ser nosso!», deles, do tal Partido Popular Europeu.
Em entrevista ao Correio da Manhã, Paulo Rangel mostrou-se convicto de que o resultado das eleições do próximo dia 7 pode ainda vir a revelar-se «uma surpresa». Uma vitória do PSD, entenda-se. Ainda assim, não será tanto o seu desempenho, ou as propostas por si apresentadas, que poderão influenciar uma surpreendente vitória do PSD, não! Como o próprio fez questão de explicar, «No caso das europeias terá muito a ver com a abstenção que pode baralhar os resultados.»
Apesar de crise e da contestação - ainda hoje o PCP organizou um protesto com 85.000 manifestantes -, apesar das oposições reclamarem a penalização de Sócrates e do governo, o PS inicia a campanha eleitoral liderando as intenções de voto em todas as sondagens publicadas até à data. Um ano depois de ter sido eleita para a presidência do PSD, as esperanças de Manuela Ferreira Leite não vão além da margem de erro.
A continuidade em funções do Eurojust, no âmbito das investigações ao 'caso Freeport', pode prejudicar o normal decurso do processo disciplinar instaurado ao procurador Lopes da Mota. É isso, não é?
(Fotografia: Lisboa com Sentido) (Fotografia: Expresso)
É certo que apenas anteontem tomei conhecimento da existência de um certo 'Manual de Aplicação', mas já hoje me parece da maior pertinência a introdução de uma adenda:
'Leia em voz alta: Eu sou uma grandessíssima BESTA!'
'Recolha os seus pertences'
'Dirija-se para a porta da sala. Saia'
Entretanto, em entrevista ao i, a propósito da sua eventual militância no CDS:
Mas foi mesmo militante?
Isso é que eu não sei! Eu tenho um problema com as militâncias (risos).
Mas assinou um cartãozinho?
Não sei se assinei. Não me lembro bem. Estou a dizer a verdade!
A sério que não se lembra?
Não me lembro! Aliás, também tive esse problema com o PSD. Inscrevi-me como militante e depois não estava lá.
Já começava a suspeitar que a visita de Estado à Turquia valera sobretudo pelas graçolas de Sua Excelência e pela felicidade da Senhora de Sua Excelência ao poder, finalmente, concretizar o velho sonho de visitar a Capadócia. Curiosamente, foi Paulo Rangel quem, na entrevista ao Sol, me dissipou quaisquer dúvidas sobre a verdadeira importância e interesse da visita:
«Se andarmos a debater a metafísica do Tratado de Lisboa ou a eventualidade da adesão turca não há nenhum português que vá dar a cara por isso.»
"Garante" é o presente do verbo "achar"
Miguel Abrantes - Câmara Corporativa
Só com uma grande dose de boa vontade é que alguém pode encontrar naquela que parece ir ficar na história como a declaração dos 3 N's - Não! Não! Não! - qualquer pinta de novidade. Há muito que Manuel Alegre deixara de ser deputado do Partido Socialista. A decisão clarificadora que ontem foi anunciada em nome das convicções e da coerência chega com, pelo menos, três anos de atraso.
Este blogue tem um novo cabeçalho. E não, não é mais um doloroso resultado das minhas experiências exploratórias do Corel e do Photoshop com que insisto em violentar o bom gosto de quem visita o blogue. Não! Este é um cabeçalho que merece ser anunciado, atribuindo os justos créditos ao seu autor, que ontem, para além da sempre agradável companhia ao jantar, esgalhou o cabeçalho entre uma Salada de frutas e um Nespresso! Aqui fica a fotografia original e a sugestão para uma visita a outros Olhares. Obrigado, Joaquim!
Na falta de uma fatia de Bolo-rei, foi ao melhor estilo da satnd-up comedy que Sua Excelência comentou os mais recentes desenvolvimentos do 'caso Freeport'.
O jornalismo de investigação em Portugal viveu ontem mais um momento alto. Praticamente todos os órgãos de comunicação social investigaram, investigaram, investigaram, logrando antecipar pela manhã o conteúdo do relatório instaurado a propósito das alegadas pressões de Lopes da Mota sobre os Procuradores do 'caso Freeport', convenientemente enquadrado por doutas opiniões que davam como certa a abertura de um processo disciplinar à actuação do dito procurador.
Quando mais à tardinha se reuniu o Conselho Superior do Ministério Público, para analisar o relatório, os seus membros tinham a tarefa facilitada . O parecer estava elaborado restando a Pinto Monteiro exarar um despacho de «Concordo».
A RTP promoveu no Prós e Contras desta noite um debate entre os treze cabeças-de-lista concorrentes às eleições europeias do próximo dia 7 de Junho. Quando Fátima Campos Ferreira, finalmente, terminou a apresentação dos seus treze convidados faltavam cinco minutos para o primeiro intervalo.
Era de esperar que, com o escrutínio sem precedentes a que tem estado sujeita a vida pública e privada de José Sócrates, mais tarde ou mais cedo a fúria inquiridora chegasse onde chegou: às peúgas do primeiro-ministro.
Ele é líder parlamentar, candidato nas europeias, já por aí indigitado como sucessor da Dra. Manuela, e ainda lhe sobra tempo para fazer uns biscates a Sua Excelência.
A súbita preponderância que a reabilitação política do Bloco Central parece ter ganho nas mais variadas e insuspeitas agendas faz-me pensar que anda por aí muito boa gente a querer pôr o carro à frente dos bois, que é como quem diz: o Bloco (Central) à frente dos votos!