A avaliar pelos novos cartazes do PSD, é agora a Dra. Manuela quem vem assinar por baixo de meia dúzia de lugares comuns, recebidos no Contact Center da Verdade.
Tivesse a Senhora tido tempo para passar por aqui, pela minha aldeia, num qualquer fim de tarde, e, à do Nuno, na frente de um pires de caracóis acompanhado por três ou quatro imperiais, teria escutado desabafos bem mais inspiradores, daqueles a que não falta, sequer, uma vernácula interjeição em jeito de remate.
Seja como for, a dois meses das eleições legislativas, a Dra. Manuela vem contar-nos o que ouviu dos portugueses. Já nós, portugueses, parece que teremos de continuar à espera para ouvirmos o que a Dra. Manuela terá (?) para nos dizer.
Em comunicado (pasme-se!) ontem divulgado, Paulo Campos confirma que manteve «contactos pessoais e privados» com Joana Amaral Dias.
Os dias passam sem que com eles chegue qualquer notícia da nossa (quase, esteve por um fio) Joana. Oficialmente, está de férias em Espanha, na zona de Málaga, dizem.
Mas não me espantaria se, na verdade (esta palavra não me sai da cabeça), estivesse em parte incerta, sob forte protecção policial, ao abrigo de um qualquer programa secreto - do tipo Protecção Especial de Testemunhas -, sendo que apenas reaparecerá quando estiverem reunidas as necessárias condições de segurança para o fazer, ou seja, depois de terminado o prazo legal para entrega das listas de candidatos a deputados.
Ao que tudo indica, gorada a primeira tentativa de assédio com recurso às prebendas estatais, e apesar dos sucessivos desmentidos que vêm sendo feitos, as autoridades policiais portuguesas (as inglesas, a Europol, o Eurojust e o caraças), têm fortes razões para acreditar que José Sócrates ainda não terá desistido de ter Joana Amaral Dias como candidata a deputada nas listas socialistas a qualquer preço, temendo pela sua integridade.
António Costa e Pedro Santana Lopes protagonizaram ontem um verdadeiro debate de ideias, como há muito não se via em Portugal. Ao fim de quase sessenta minutos de debate, ficou claro que Costa tem uma péssima ideia de Santana que, por sua vez, não tem nada boa ideia de Costa, e pronto.
A Assembleia Legislativa da Madeira aprovou hoje, com os votos do PSD, CDS e MPT, o polémico projecto de revisão constitucional que terá deixado a Dra. Manuela lavada em lágrimas de tanto rir na companhia do seu compincha madeirense.
Agora que o projecto segue para Lisboa, é de esperar que o PSD nacional introduza uma adenda com o objectivo de, para além do Partido Comunista, interditar constitucionalmente o voo de Zepelins no espaço aéreo daquela região autónoma.
Em certa medida, a malta do Bloco está a ser vítima do sucesso da estratégia eleitoral desenvolvida nas europeias. Tal a fartura de cartões amarelos e vermelhos que pediram para Sócrates e para o governo do PS que a noite de 7 de Junho acabou em tons laranja.
Como não podia deixar de ser, esta evidência fez soar campainhas de alarme em algumas cabeças menos tolhidas pela verborreia demagógica do Dr. Louçã, e que rapidamente se aperceberam que esta coisa do tiro ao Sócrates e ao PS, pese embora o indiscutível gozo e adrenalina que proporciona, poderia muito bem vir a transformar-se num caso sério, lá para (12) 28 de Setembro.
A aproximação ao PS de algumas figuras tidas como próximas do Bloco surge, assim, como um recentrar de prioridades para as legislativas no horizonte próximo. Louçã sabe-o e teme-o.
Donde, esta histeria em torno do alegado convite a Joana Amaral Dias é sobretudo um argumentário servido para o interior do partido. Louçã está, no fundo, a pretender justificar as deserções à luz da tibieza de convicções dos desertores, insinuando que trocaram a dureza da luta e das trincheiras por sabe-se lá que riquezas e honrarias.
Ler ainda (aliás, sobretudo):
Ao contrário do que supus na posta anterior, mais do que um ligeiro constipado a Dra. Manuela Ferreira Leite terá apanhado uma gripe de verdade, à séria, que a impossibilitou de estar ao lado de Jardim nas festas do Chão da Lagoa, como era seu manifesto desejo. Resta, pois, aqui deixar ficar os votos de rápido e franco restabelecimento, se possível ainda a tempo de participar na festa do Pontal na companhia de Mendes Bota, como, por certo, é sua intenção e vontade.
Sendo, reconhecidamente, a perseverança um traço distintivo da personalidade de Manuela Ferreira Leite, estou certo de que mesmo com 40 graus de febre a Senhora fará questão de comparecer à festa do Chão da Lagoa.
(*) aqui
Um passo à frente, dois à retaguarda.
Então não é que há por aí quem, ao fim destes quatro anos, não só se dê ao trabalho de procurar méritos na governação do Partido Socialista, como os encontra? Quem, aparentemente sem se rir, consiga falar em Rumo, Visão, Futuro, associando estes termos a José Sócrates? E não contentes com tudo isto, ainda em cima se predispõem a renovar a confiança no PS?! Dá para acreditar? Sim, talvez seja a Democracia, mas isso também não pode explicar tudo;)
Revelado, aqui.
Muito provavelmente, só mesmo uma arreliadora ventania cósmica terá impedido a Apollo 11 de fazer a alunagem também a 19 de Julho...
O Mar da Tranquilidade parece estar cada vez mais distante. Há mesmo quem garanta que atravessamos uma Tempestade Prefeita.
A verdade é que a Dra. Manuela, dizem, não tem jeito para a política, e isso é bom! A verdade é que a Dra. Manuela não passa bem na televisão, e isso é bom! A verdade é que, quando fala, a Dra. Manuela precisa de uma «interpretação especial», porque «enreda-se, tropeça, troca», e, claro, isso é bom! A verdade é que a Dra. Manuela, como se vê, é um poço de virtudes, e nós só podemos é estar agradecidos.
Em Novembro do ano passado abandonou uma reunião cinco minutos depois de esta ter começado. Ontem parece que nem se deu ao trabalho de estar presente. Incansável no que toca a animar a malta e manter a chama acesa, o prof. Nogueira tem sempre pronto a sair do bolso um pequeno número circense que, infelizmente, diz tudo sobre a sua (falta de) boa fé em todo este processo. É pena.
(imagem)
A noiva de Santo António que faltava:
«Helena Roseta será a número dois da lista do PS à Câmara de Lisboa»
Na semana passada foi Sua Excelência quem, em comunicação oficial ao Público, deu conta de ter pedido aos partidos políticos, "um pedido extensível ao governo de José Sócrates", que se abstivessem de aprovar legislação dita fracturante ou que implique elevados encargos para o futuro. O raciocínio da fonte da Presidência da República (assim uma espécie de fonte anónima depois de ter terminado com sucesso o processo de certificação de competências, via Novas Oportunidades) é linear: obrigado a pronunciar-se sobre os diplomas que lhe são remetidos em prazo que se encontra constitucionalmente estabelecido, Sua Excelência teme que as suas decisões possam perturbar o normal decurso das campanhas eleitorais que se avizinham, "nomeadamente eventuais vetos políticos", como curiosamente é sublinhado pelo jornalista que transcreve as apoquentações presidenciais. (Então e eventuais promulgações, apetece perguntar, não seriam susceptíveis de interpretações enviesadas?).
Depois deste precursor exercício de autolimitação por parte de Sua Excelência, ficámos hoje a saber que, por força de um qualquer atraso na emissão de uns quantos pareceres, a legislação que integra a polémica questão do testamento vital será adiada para a próxima legislatura.
Portugal está, assim, muito próximo da eficiência constitucional: Sua Excelência presume a aprovação de um determinado diploma, o PS, por sua vez, presume o veto de Sua Excelência. O sistema constitucional e o equilíbrio de poderes funcionam exemplarmente, ainda que em modo presumido e sem o sempre desagradável desgaste dos órgãos de soberania, decorrente do exercício das suas competências.
Depois da auspiciosa estreia do seu novo programa - Ponto Contraponto - Pacheco Pereira andou por aí em busca de reacções. Aparentemente, de tudo o que viu e ouviu, nem num qualquer obscuro texto, num parágrafo, que fosse, numa única linha, encontrou substância merecedora do seu contraponto. Tudo foi reduzido a ressabiamento primário, vómito ofensivo, a produção escatológica (merda, bem entendido), com proveniência nos engajados políticos do costume, ao serviço das corporações situacionistas.
Neste charco de opiniões, opiniões, opiniões, opiniões, Pacheco vê reflectido o indisfarçável incómodo provocado pelo programa, que é também o segredo do seu sucesso. Cheio de si, que é como quem diz muito satisfeito consigo, Pacheco promete continuar a «tocar o nervo», com a audácia e o desassombro que lhe são conhecidos. Sem contemplações!
É já no próximo dia 27 de Setembro que no recato da cabine de voto, sem petardos e com apenas uma cruzinha, cada um vai poder mandar o Sócrates para onde muito bem entender. Calma!
A questão ética em torno das duplas candidaturas colocou-se no momento em que, conhecidas as candidaturas de Elisa Ferreira e Ana Gomes às autarquias do Porto e de Sintra, foram apresentadas também como candidatas ao Parlamento Europeu. Foi em Março passado e desde então não houve cão nem Rangel que sobre essa matéria não tenha expresso a sua profunda indignação.
Há, portanto, mais de três meses que Elisa Ferreira e Ana Gomes deambulam paisagem política, definhando a cada dia que passa. Mas Manuel Alegre, é sabido, é um caçador. Não desperdiça munições, sabe esperar a melhor altura e quando atira é para matar.
* Este título não é, por enquanto, um trocadilho sobre qualquer eventual disputa interna de poder no PS