Cavaco Silva promulgou hoje o novo Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social, ao que parece, com grave prejuízo para a sua vesícula biliar, chamada a emulsionar uma anormal quantidade de gorduras e ácidos no processo digestivo de Sua Excelência.
Tantas as reticencias e os 'mas' que perpassam a nota informativa da presidência que esta mais parece um esfarrapado pedido de desculpas, sentindo-se mesmo, Sua Excelência, na necessidade de «recordar que o acto de promulgação de um diploma legal não significa necessariamente a adesão do Presidente da República às opções políticas a ele subjacentes, nem implica o seu comprometimento institucional com todas as soluções normativas nele inscritas». A verdade é que não implica, nem é suposto implicar qualquer «adesão» ou «comprometimento».
A este propósito, vale a pena aqui recordar as palavras de Jorge Sampaio proferidas a quando da apresentação da sua candidatura ao segundo mandato presidencial: «No nosso sistema constitucional, as candidaturas a Presidente da República não são propostas pelos partidos políticos; o Presidente da Republica não é eleito com base num programa de governo, não governa, não dirige o Governo, não se responsabiliza pela política que este executa». Ora aí está!
«Aos casamentos e baptizados não se vai sem ser convidado, mas a todas as outras iniciativas, tais como funerais, missas do sétimo dia e campanhas eleitorais vai quem quer»
Manuela Ferreira Leite, sobre a eventual participação dos cabeças de cartaz'do PSD na campanha eleitoral (Negrito - como se impõe - meu)
À Universidade de Verão do PSD Marcelo Rebelo de Sousa foi dizer, do programa da Dra. Manuela, tratar-se de um programa para «dois anos». Vago? Incompleto? Insuficiente? Nada disso: «Inteligente» e «Eficaz». Na análise do Sr. Professor o programa eleitoral do PSD está muito bem assim como está. A legislatura, essa sim, é que parece estar sobredimensionada para o programa da Dra. Manuela. Donde, o mais certo é que a legislatura venha a ficar-se pela metade.
Assino por baixo:
A verdade é que, antes mesmo de pensarem em reforçar a equipa com um novo ponta-de-lança, os responsáveis do Sporting deveriam ter primeiro cuidado de contratar um barbeiro decente.
Quem, na indomável Casa Civil de Sua Excelência, poderá estar interessado em «afastar as atenções dos problemas»?
Tal como, por vezes, assistimos a reacções dos mercados financeiros por antecipação à apresentação de resultados das empresas cotadas, o crescimento do PIB, o fim de alguns processos de lay-off, a substancial desaceleração dos números do desemprego e a confiança reflectida nos indicadores de conjuntura, hoje mesmo conhecidos, só podem ser entendidos como sendo o país a reagir positivamente e por antecipação à previsível vitória da Dra. Manuela no próximo dia 27. Só mesmo Sócrates, imerso na sua cegueira propagandística, é que se recusa a ver o óbvio.
Numa clara estratégia de desinflação das expectativas em torno do programa eleitoral do PSD, António Borges caracterizou-o como «deliberadamente prudente». Palavras que se revelam prudentemente deliberadas, a avaliar pelo que vai sendo conhecido.
- But what about us?
- We'll always have Paris. We didn't have, we, we lost it until you came to Casablanca. We got it back last night.
Jornal sempre bem informado, o Público brinda hoje os seus leitores, em rigoroso exclusivo, com a pré-publicação das linhas gerais do tão aguardado programa eleitoral da Dra. Manuela, que amanhã será dado a conhecer na íntegra. À S. Caetano, nada de novo. Nem mesmo os confrangedores atrasos da justiça.
É sabido que quando a esmola é grande o pobre desconfia. Quando a esmola é grande e os supostos benfeitores são dois conhecidos avaros da nossa praça, então, o pobre belisca-se, torna com a mão ao bolso e vira costas, cuidando tratar-se de um provocação de mau gosto.
Quando o mesmo jornal que em Junho garantia, em toda a largura da sua primeira página, que os «Meios de Campanha do PS esmagam os da concorrência», (sem explicar um tal milagre de gestão de um partido com um orçamento 30% inferior ao do seu mais directo concorrente, o PSD), ou ainda há cinco dias atrás 'denunciava' o facto de o PS prever gastar «cinco vezes mais em comícios que o PSD», quando esse jornal hoje titula «PS e PSD [assim, tal e qual, juntinhos] gastam mais de 50 milhões de euros na campanha das eleições autárquicas», quando isto acontece, sou eu quem começa a desconfiar.
E quando essa notícia surge indexada por Pacheco Pereira sob a epígrafe de «Amálgama à Bloco de Esquerda», e comentada com expressões como «processo de manipulação da informação demasiado conhecido», aí pára tudo e belisco-me uma e outra, e outra, e outra vez.
Na verdade, há na notícia de hoje do Público um pormenor para o qual a jornalista parece não ter encontrado resposta, e Pacheco simplesmente ignora.
Logo no primeiro parágrafo, a autora do texto admite estar «ainda por explicar se os gastos nos locais em que os sociais-democratas têm coligações (mais de seis milhões de euros) já estão incluídos nestas contas». Por explicar, é certo, mas não por falta de esmero da jornalista, reconheça-se, que até tentou questionar os responsáveis do PSD, muito embora sem sucesso.
Podia ela mesma ter feito as contas, já que estava com a mão na massa que é como quem diz a olhar para os relatórios divulgados na página do Tribunal Constitucional. É verdade (esta coisa entranha-se), podia. Mas não lhe ocorreu. Deixa estar, Sofia, eu fiz. Bastaram-me 7 minutos.
Assim, passando os olhos pelas 237 páginas que se seguem ao orçamento consolidado verificamos duas coisas: que não constam nessas 237 páginas os orçamentos para as câmaras de Aljustrel, Castro Verde, Penamacor, Faro, Coimbra, Amadora, Oeiras e... Lisboa, entre outras; e que a soma totaliza 21.973.753,40, exactamente o montante referido na primeira folhinha, a tal do total consolidado.
Ora, daqui em diante é simples. É (continuar a) fazer as contas, como dizia o outro. Se, como se demonstra atrás, as despesas do PSD com coligações não se encontram reflectidas no total que serve de comparação com os gastos do PS, então há que somar a esse total os tais «mais de seis milhões de euros» - 9.130.742,35 euros, se quisermos ser absolutamente rigorosos (Pois, é preciso somar as coligações todas (66) e não ficar pelas do primeiro link).
Por fim, o zénite do rigor, retiramos os 700.000 euros que o CDS/PP afirma ir despender nas coligações, e chegamos a um total de previsão de gastos para o PSD de 30.404.495,35 euros.
Sim, é verdade, ainda assim o PS prevê gastar nas eleições autárquicas deste ano mais do que o PSD. Mais 102.983,65 euros. Mais 0,33%!! E é esta, sim, a diferença entre o «despesismo» do PS, nas palavras de Pacheco, e o que se supõe ser a sobriedade de gastos do PSD. É esta, sim, a diferença de 0,33% que verdadeiramente se encontra «dissolvida» na notícia do Público.
De uma personalidade da envergadura moral e ética de Cavaco Silva é de esperar que de si próprio exija nada mais nada menos que o rigor e a isenção que para os outros reclama.
Dito isto, estou certo de que Sua Excelência não deixará de se impor idêntico cordão sanitário, em matéria de processo legislativo, àquele com que pretende circunscrever o exercício da actividade do actual governo, abstendo-se de exercer as suas competências, designadamente o veto e promulgação, quando faltarem escassos três (quatro, cinco?) meses para a eleição de um novo Presidente para a República.
Nem que para tanto, e de forma a contornar os prazos constitucionalmente estabelecidos para a decisão presidencial, contados após a data de recepção dos diplomas em Belém, quando se detiver à cancela do palácio o jipe carregado de diplomas, lá venha a fonte da Casa Civil, com ar pesaroso, anunciar que «Sua Excelência manda dizer que não está.»
Muito dentro do prazo:
Valupi (23.)
Ontem, na RTP, questionada por Judite de Sousa sobre a alegada operação de vigilância aos colaboradores de Sua Excelência, Manuela Ferreira Leite disparou: «Eu não quero saber se há escutas ou não, eu não quero saber se há retaliações ou não, o que é grave é que as pessoas acham que há.»
Donde se pode concluir que, para a Dra. Manuela, pouco importa se a mulher de César é séria, basta que o pareça. Já no caso de António Preto a coisa é ainda mais simples: pouco importa que o seja, tampouco que o pareça. Sério, claro.
Depois de o Público ter revelado o estranho caso do 'palácio vigiado', a Trica da Semana (TdS) apurou que José Sócrates poderá estar directamente envolvido nas operações de vigilância que, ao que tudo indica, não se circunscrevem aos assessores de Cavaco, existindo fortes indícios de que o próprio Presidente da República esteja a ser alvo de espionagem.
De acordo com fontes por nós contactadas, há já alguns meses que Cavaco Silva terá expressado, junto dos colaboradores mais próximos, o seu «crescente embaraço» face ao que referiu como «comportamento anómalo» da parte do Primeiro-ministro.
Os inusitados «incidentes», que tendem a «perturbar» o normal funcionamento das reuniões de trabalho semanais entre ambos, sucedem-se sem que a presidência encontre para eles qualquer justificação plausível.
Segundo o relato de Cavaco Silva, citado por fontes da Casa Civil, com cada vez maior frequência José Sócrates levanta-se subitamente do seu lugar e aponta para trás das costas do Presidente, ao mesmo tempo que exclama: «Olha ali a velha!», para em seguida retomar a reunião, com total impassibilidade e ante a «incredulidade» do Presidente.
Ao que a TdS apurou, a perplexidade de Cavaco Silva é tanto maior quanto, depois de olhar na direcção indicada pelo Primeiro-ministro, por nenhuma das vezes descortinou na sala a presença da Dra. Manuela ou de alguém vagamente parecido.
Sem querer fazer mais comentários sobre estes estranhos episódios, fonte da Casa Civil do Presidente da República adiantou à TdS podermos estar perante «uma manobra de diversão ao mais alto nível, destinada a desviar momentaneamente a atenção do Presidente da República», enquanto o Primeiro-ministro, à socapa, espiolha os apontamentos de Cavaco Silva.
Até à hora de fecho desta edição, tentámos, sem sucesso, obter uma reacção do gabinete do Primeiro-ministro.
O que mais me espanta (e desilude) neste estranho caso da vigilância governamental à presidencial Casa Civil é o aparente amadorismo com que tudo se passa, a crer nos sórdidos detalhes que hoje são revelados pelo Público.
Como é possível que, no país do choque tecnológico, quando um governo entende por bem vigiar os serventuários de Belém o faça com recurso a um pendura, infiltrado à má fila na comitiva de Sua Excelência?
Ainda de acordo com o relato do Público, a falta de profissionalismo terá mesmo chegado ao ponto de tampouco o agente escolhido para a missão ter sido previamente instruído dos mais elementares procedimentos de dissimulação que, como sabemos, recomendam a ocultação de baixo da mesa, a coberto da toalha, assumindo uma posição fetal em eixo imaginário perpendicular ao solo, sem esquecer de garantir a total liberdade de movimentos dos membros superiores, de modo a poder tomar os apontamentos que se venham a revelar convenientes.
E, sejamos sérios, não venha agora José Sócrates, com falinhas mansas, justificar os medíocres contornos desta operação com a crise (sempre a crise) e a necessidade de contenção de despesas, quando todos sabemos que por essa internet fora, ao alcance de um clique, se podem adquirir os mais modernos equipamentos e serviços de vigilância, a preços verdadeiramente atractivos. Ou será que a Casa Civil de Sua Excelência não merece o melhor?
É profunda e tristemente irónico que este episódio de miserabilismo tecnológico aconteça, justamente, na pátria que viu nascer o Magalhães. Pela minha parte, estou certo de que o CDS/PP - partido que mais aprecia a acústica de S. Bento - não deixará de exigir a imediata audição parlamentar do Dr. Carlos Zorrinho.
Ainda há dias, na sua crónica no i, Inês Teotónio Pereira se insurgia (certeiramente) contra «...a alma embrulhada em gente que se lembrou de fechar as escolas três meses seguidos. Quem? Terá filhos? Trabalha? Existe? Não sei. E o Google não responde.»
Não me é difícil imaginar que este grito de alma, por certo já experimentada por todos os pais, apenas tenha paralelo na presidencial angústia de Sua Excelência quando vê chegado o mês de Agosto e a hora de rumar a Sul, para umas merecidas e retemperadoras férias no aprazível recato da sua Mariani 2.0.
'Que fazemos com os nossos assessores', é a pergunta que Aníbal, com a marca do desespero estampada no rosto, lança a Maria, enquanto esvazia a gaveta das peúgas para o saco de viagem. Levá-los connosco não é solução, mas deixá-los ficar aqui, sozinhos, um mês inteiro? Eu nem quero pensar no que eles seriam capazes de aprontar...
A verdade é que ainda mal Sua Excelência acabara de descarregar o jipe, sob o calor do intenso Sol algarvio, e já os endiabrados assessores espalhavam as suas traquinices pelos corredores do palácio, ora pulando sobre os sofás, ora balançando-se nos reposteiros aos gritos de 'Taaaarzan!'.
Outros, mais afoitos, deitaram mão do telefone e ligaram ao Zé Manel, rapaz também ele sempre pronto a alinhar numa boa travessura. nem de propósito, o Zé Manel preparava para hoje o lançamento da nova versão online da edição impressa do seu jornal. Como dinheiro para publicidade é coisa não abunda por aquelas bandas, não hesitou em alinhar na gaiatice que lhe era proposta do outro lado da linha. Juntou-se a fome com a vontade de comer e, como é bom de ver, deu nisto.
Se os assessores de Sua Excelência estão a colaborar na elaboração do programa eleitoral do PSD, sinceramente, pouco me importa. A história nem sequer é nova, já o Semanário fizera referência a esta suposta entente eleitoral, no passado dia 8 de Agosto, uma semana antes das declarações de José Junqueiro e Vitalino Canas (noticiadas a 15 de Agosto) que tanta «consternação» causaram em Belém. De resto, se assim é, nem por isso o programa eleitoral do PSD vê a luz do dia mais depressa.
Por outro lado, se são candidatos a deputados nas listas do PSD, é da mais elementar justiça que dêem o seu contributo para o programa eleitoral do partido, não se limitando a ocupar o lugar no hemiciclo depois de eleitos.
Dito isto, é sempre de louvar quando espírito humano sente a necessidade de questionar os limites do mundo que o rodeia, numa busca incessante de conhecimento e saber. Haverá vida em Marte? Estará Belém sob vigilância do governo? Será o papel higiénico de Sua Excelência demasiado áspero?
(*) Título de artigo de Inês Teotónio Pereira, no i
Apesar de tudo o que se tem dito e escrito sobre a ausência de programa eleitoral do maior partido da oposição, manda o rigor que se reconheça que há muito que ele se encontra enunciado e publicado, pela pena de Pacheco Pereira, «curto» e «claro», como ainda há dias recomendava Medina Carreira, podendo mesmo resumir-se em apenas três palavrinhas: quanto pior melhor.
«Daqui a um ano haverá muito menos de tudo, a crise estará em pleno e o actual Governo do PS estará enredado em opções erradas que já fez e não consegue mudar a tempo sem se negar a si próprio e dar razão à oposição.»
«Os homens e as mulheres que irão às urnas estarão deprimidos no seu bolso, pouco esperançados na sua cabeça, não acreditam por regra nos políticos, não esperam muito, mas esperam alguma coisa.»
Ora, bastou que no segundo trimestre do ano o PIB invertesse a sua tendência de queda (+0,3%) e que os dados do desemprego, muito embora mantendo a tendência de subida, tenham revelado uma forte desaceleração (+0,2%), sobretudo se comparados com o crescimento de 1,1% registado no trimestre anterior, bastaram os resultados destes dois indicadoras, dizia, para que o PSD entrasse num estado de total desorientação e desespero.
Com a crise, na qual a Dra. Manuela e o Dr. Pacheco tantas esperanças depositaram, a dar sinais inequívocos de abrandamento e a convidar-nos a olhar com esperança para o futuro próximo, o PSD vê-se subitamente confrontado com o seu confrangedor vazio, restando-lhe a insídia e a suspeição. Se uma das mãos já todos a sabíamos cheia de nada, a outra ficámos agora a sabe-la cheia de merda, pronta a atirar em cima dos adversários.
Naturalmente, quem espera por um comentário do PSD aos números do PIB, hoje divulgados pelo INE, o melhor mesmo é esperar sentado. Toda a gente sabe que o desempenho da economia não é matéria que possa ser tratada, com a necessária seriedade, em véspera de eleições.
Ao referir-se a Portugal como «um grande BPN», na sua entrevista trimestral à SIC, Medina Carreira só pode estar a prever (desejar ?) uma vitória do PSD nas eleições de Setembro.
Segundo dados do INE, a economia portuguesa cresceu 0,3% no segundo trimestre de 2009. Este dado é tanto ou mais surpreendente quanto os resultados para a zona euro apontam um crescimento negativo de -0,1%.
Desempenho igualmente admirável, embora não surpreendente, é do jornal Público que, em todo o texto da notícia sobre o relatório do INE, consegue repetir por sete vezes a palavra «negativa» ou relacionadas, contra apenas duas referências a «crescimento» e uma a «recuperação».
Mas alguém, algures em Angola, anda pelo Google a pesquisar «estala a bomba». Sabendo-se da cíclica instabilidade política e militar que grassa por aquelas zonas do globo, talvez não fosse má ideia o Pentágono ou a CIA darem uma mirada ao satélite. Just in case...
Calma, pode ser que nem tudo esteja perdido. Talvez o Prof. Queirós possa convocar a Dra. Manuela, entretanto já totalmente restabelecida, enquanto se espera que Ronaldo recupere a tempo da Festa do PontALL.
Manuela Ferreira Leite disse ontem estar «orgulhosa» das listas de candidatos do PSD, mostrando-se «sensibilizada» com a polémica que as mesmas têm suscitado. É evidente que se soubesse o que sabe hoje os companheiros Dias Loureiro e Oliveira e Costa não teriam ficado de fora das listas da Dra. Manuela.